Sucesso de público, Copa do Nordeste desbanca estaduais no início da temporada

No fim de semana em que os espaços vazios do Engenhão evidenciaram mais uma vez a perda de prestígio do Campeonato Carioca, o futebol nordestino sacudiu as arquibancadas. De volta ao calendário neste início de temporada, a Copa do Nordeste vem atraindo público, gerando renda e emocionando com grandes jogos, marcados pela tradicional rivalidade entre […]
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sambafoot_admin
2013-03-04 03:58:00

No fim de semana em que os espaços vazios do Engenhão evidenciaram mais uma vez a perda de prestígio do Campeonato Carioca, o futebol nordestino sacudiu as arquibancadas. De volta ao calendário neste início de temporada, a Copa do Nordeste vem atraindo público, gerando renda e emocionando com grandes jogos, marcados pela tradicional rivalidade entre clubes da região. É o inverso do que se tem visto no eixo sudeste do país. Somente a semifinal entre Ceará e ASA, no último domingo (03), reuniu 52.207 pagantes. Enquanto isso, no Rio, os clássicos entre Vasco e Fluminense e Flamengo e Botafogo, pelas semifinais da Taça Guanabara, – não despertaram, juntos, o interesse de mais de 40 mil espectadores.

Apesar de rentável, competição viveu altos e baixos

Também conhecido como Nordestão, o torneio carrega um histórico de sucesso que remonta ao final da década de 1990 e início de 2000. Porém, em 2004, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) extinguiu a Copa do calendário nacional, alegando incompatibilidade de datas, fato que gerou protestos e processos na Justiça por parte dos participantes, já que o contrato firmado garantia outras edições nos anos seguintes.

Pedindo R$ 20 milhões de indenização, os clubes ganharam a causa. Então, foi selado em 2010 um acordo com a entidade que rege o futebol nacional pelo retorno da competição, em troca da retirada do processo. Mas não seria desta vez que o torneio deslancharia. Após o título do Vitória naquele ano, a CBF voltou a cancelar a disputa, até que nova decisão fosse tomada a favor do retorno em 2013. Atualmente, a expectativa de faturamento da competição é de R$ 40 milhões de reais em patrocínios e público.

O retorno foi anunciado em 2011, com uma nova fórmula: 16 equipes divididas em quatro grupos, se enfrentando dentro da própria chave em jogos de ida e volta, com os dois melhores de cada chave avançado para a segunda fase. A partir de 2014, a Copa do Nordeste garantirá ao vencedor uma vaga na Copa Sul-Americana. Cada equipe participante recebeu 300 mil reais para participar da atual edição, um valor que sobe a cada fase. O campeão, que será definido no confronto entre ASA e Campinense, receberá 800 mil reais.

Modelo para os demais estaduais 

O sucesso da Copa do Nordeste é um dos motivos para que a CBF comece a pensar em mudanças no calendário dos clubes para os próximos anos. E isso inclui, por exemplo, o encurtamento dos campeonatos estaduais. Apesar de seu valor histórico – eles ainda estão na memória de muitos – hoje são deixados de lado, preteridos por torneios de maior expressão, como o Brasileirão e a Libertadores.

Caso emblemático é o Rio de Janeiro, onde vários fatores explicam o desinteresse do público, a começar pela fórmula de disputa. O número de participantes (16) arrasta a competição, trazendo confrontos de baixo nível técnico, de modo que até os clássicos decisivos sejam esvaziados. Soma-se a isso o preço elevado dos ingressos, definidos pelos clubes como forma de fortalecer seus programas de sócio-torcedor, além da violência e a proibição da venda de bebida alcoólica nos estádios como fatores desmotivadores.

Mas a verdade é que há um componente político no meio de todo o caos em que se transformou o calendário do futebol brasileiro. Como depende dos mandatários das federações locais, a CBF não se esforça para reduzir a duração dos sonolentos estaduais no início de cada temporada. Essa dependência fica evidente quando se analisa a distribuição de votos para a presidência da entidade que comanda o futebol no país: todos os 27 dirigentes dessas federações participam da eleição. Os outros votos provém dos 20 clubes que disputam a primeira divisão do Campeonato Brasileiro.

Portanto, não se pode esperar que Marín e sua turma promovam mudanças drásticas no quadro apenas em benefício do torcedor. Por outro lado, não existe mais a possibilidade de se ignorar a Copa do Nordeste e sua média de público que chega a 8 mil espectadores por partida. As entidades regionais já começam a aceitar a redução do número de datas reservadas aos estaduais, que hoje está em 23. A maior resistência, curiosamente, é a federação carioca. Mas mudanças estão à vista. Alguma hora, alguém terá de ceder.